O que isso quer dizer, meu bem?
Isso que trazes entre os dedos, em mãos monásticas, de rainha, caro, belo e pra mim, essas coisas que inspiram sonhos e devaneios reversos, matrixianos, que não sabemos se mais maltratam ou salvam?
Afinal, o que é que trazes pra mim em especial, minha querida menina, daquilo que achas empresta cor ao dia, daquilo que o meu sorriso gostaria?
O que está vindo no teu olhar oblíquo, matinal, tinturado na beleza do castanho escuro, mouro, pronto a provocar esse indefeso rapaz?
Que mãos suas são essas, tão intendentes e discernidas, na vontade de outras mãos, no encanto, na memória do toque, no deslizar na colcha, no corpo, no sim e no não?
Uma estória de amor que se repete, feito tela de Caravaggio, filme de Felini, na viva cor, na aliteração do pincel que traçou teu rosto, no ritmo das imagens, no teu movimento aparentemente lento e torto, em encantamento meu, na condução à falésia, no torpor, corpo deitado e no descanso na areia da praia.
Mas, das ondas atlânticas, mornas, largas, felizes, ao mar, chegam coisas boas de ti, que se repetem todos os dias, e que já nos fazem pensar no dia seguinte e já ficar novamente feliz, menina dos 35.
O que isso quer dizer, senhora das mil pulseiras coloridas, das flores nos cabelos crespos e negros, que empresta aos olhos o devido engenho, o meu destino, e o brilho das contas de vidro?
Por acaso planejas me levar em alguma noite vadia dessas, que não esperarei, inopinadamente, ao monótono deserto da Namíbia? E por lá me deixar, sem o frio e sem o calor que não sejam os derradeiros?
Ao redor dos sonhos e das tuas lembranças mais doces, teço o poema da noite e do dia, preparando o escapulário, a primavera e a brisa aventurosa a assanhar os teus meus cabelos de menina e de mulher.
Pensei ouvir alguém me chamando lá fora, ... Mas foi só a aragem no telhado dizendo, contando de ti, e das coisas que gostavas, de ficar me chamando como quem quer ser apenas abraçada, tocada, beijada, em música e cor, e poema...
O quê isso quer dizer?
Quer dizer novamente de ti?
Ou falam em alguma língua já antiga e estranha?
Francisco Gutemberg, ser humano, irmão, amigo, brincalhão, escritor, poeta, feliz, o que pensa por si mesmo, forte.
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