Senti o desejo de falar a vocês homens sobre o 08/03, o Dia Internacional das Mulheres, trazendo um olhar feminino acerca de nossas expectativas para a data. Porém, antes preciso ressaltar que homens e mulheres não são iguais como querem nos levar a crer. Por diversos aspectos anatomofisiológicos seremos sempre diferentes, e essas diferenças precisam ser reconhecidas para que sejam respeitadas e valorizadas. Decerto que a Constituição brasileira preconiza que “homens e mulheres são iguais em direitos e deveres”, e isso é um marco para todos nós no campo do Direito, entretanto, quero dizer que nós mulheres trazemos conosco peculiaridades que nos tornam singulares, e que por isso necessitamos de um olhar mais desvelado daqueles que estão ao nosso lado diariamente.
Vejam que enquanto tento escrever esse texto, eu passo constantemente o olho no relógio atenta ao horário de pegar minha filha na escola, sem falar que ainda estou com a farda do trabalho, após ter chegado de 24h de serviço. Mas ainda assim, o desejo de falar pulsa afastando o cansaço, pois julgo necessário dizer aos homens que é preciso sim homenagear suas mulheres, não somente, mas sobretudo, hoje. Escutem meus caros o meu relato, não é fácil suportar todas as nossas demandas que foram socialmente creditadas a nós: estar em forma, de cabelo penteado, permanecer bela, cuidar do cachorro, da casa, trabalhar fora, suportar o chefe, cuidar das finanças, estudar...Não é fácil. E com isso não busco a valorização da cultura da mulher multitarefa, em que esta precisa exercer todos esses papéis sozinha e com garbo. Meu propósito é justamente lhes dizer que precisamos de auxílio, de cuidado, de verdadeiros companheiros na jornada. Não somos super-heroínas, somos seres humanos com hormônios que nos tornam muito mais sensíveis emocionalmente, e que por isso choramos, brigamos, acalentamos, tudo isso com muito mais intensidade e frequência. Suportamos também muito mais dores (dores menstruais, dores emocionais, do parto) e, sobretudo, suportamos o ônus de ocupar um lugar social que nos obriga a travar lutas constantes no mercado de trabalho, tendo que provar todos os dias a nossa competência profissional e intelectual.
Mas com tudo isso não quero lhes dizer que ser mulher é um castigo. Não, não é. Ser mulher é um presente de Deus, e as mulheres concordarão comigo que é maravilhoso cuidar dos cabelos, nos equilibrar em lindos saltos, conversar com as amigas, e sem falar na dádiva de conceber um ser dentro de nós...Ser mulher é fantástico! E por tudo isso o meu recado hoje é para vocês homens: ainda que hoje seja um marco comemorativo carregado de apelo mercadológico, aproveitem o dia para valorizar essas mulheres que fazem parte de suas vidas. Olhem nos olhos delas, escreva um bilhete, faça um jantar, oferte flores, cuidem, valorizem, conscientizem-se que dividir o fardo é preciso também. Não são frivolidades, é o reconhecer da importância de que temos, e valorizar que mesmo com toda a sobrecarga, todos os dias nos esforçamos ao máximo para ofertar o melhor de nós em todos os âmbitos. Sobre a arte do reconhecimento, o filósofo Aristóteles afirmou: “O reconhecimento envelhece depressa”. Então não deixe que essas mulheres esqueçam nem se quer por um momento o quanto elas são importantes hoje - e todos os dias - nas suas vidas.
Feliz dia para todas nós que merecemos sim ser homenageadas e valorizadas por exercer o papel que Deus nos confiou!
Fabiana Sena
Mulher, policial, estudante, dona de casa e mãe de Sofia.
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