Viajando na linha do tempo, acessei o arquivo da minha memória e logo me transportei para o ano de 1996, quando foi lançada a música “Pela internet” do cantor e compositor Gilberto Gil, que fez uma menção à era digital e suas implicações na sociedade contemporânea.
É uma letra cheia de metáforas, simplista, e aborda a interconectividade global. E um dos versos retrata muito bem o que viria nos próximos anos. “Criar meu website/ fazer minha home-page/ com quantos gigabytes/ se faz uma jangada/ um barco que veleje. Vinte dois anos se passaram e logo depois ele lançou “Pela internet 2” em que um dos versos diz: “Cada dia nova invenção/ é tanto aplicativo que eu não sei mais não/ Chat’s aplicativo/ what’s down/ what’s new/ mil pratos sugestivos num novo menu’.
Se você ouvir a música irá perceber como a tecnologia evoluiu rapidamente, você vai entender o que estou dizendo. E o que mais chamou atenção nos últimos anos foi o aumento expressivo de plataformas e aplicativos. A internet teve um impacto significativo nas nossas vidas, inclusive no nosso comportamento.
Há muito tempo, o ser humano apresentava um comportamento peculiar e era possível se comunicar de forma natural, aceitando as opiniões sem grande agressividade e não gerando defesas ao tentar contra-argumentar algo que não condizia com a sua forma de pensar. Infelizmente, estamos vivendo em um mundo que se perdeu, embora não seja pessimista. Atualmente, usamos o aparato tecnológico que nos aprisiona e, consequentemente, criamos barreiras que nos afastam uns dos outros, vivendo em um mundo introvertido. A explosão do celular, que foi lançada em 1980, fez com que abandonássemos o telefone móvel, se tornando obsoleto devido à praticidade do celular.
A tecnologia acelera a velocidade das notícias em tempo real. Para quem acompanha as notícias, percebe essa mudança, sobretudo por ver menos jornais e bancas de revistas que eclipsaram e sofreram esse impacto e, infelizmente, tiveram que se adequar, e se reinventar para se adaptar e acompanhar a tecnologia.
Somos leitores analógicos com tantas disponibilidades de leitura, principalmente os aparelhos que podem proporcionar essa praticidade, como telas portáteis, tablets, e-reader e smartphone. Tudo mudar tão rapidamente que não nos damos conta de quanta coisa se transforma em uma década.
Com o avanço do mundo globalizado não podemos esquecer da Inteligência Artificial, da robotização que merece uma atenção como uma sinalização para a sociedade de como vamos desmistificar os desafios e, ao mesmo tempo quais os víeis que vamos enfrentar nessa caminhada futurística.
É interessante percorrer o vasto universo de informações que é a internet. No meio dos anos 90, eu sinceramente não tinha noção, vivi isso de uma forma que minha mente ainda não estava tão avançada como está hoje. Acho que a maioria das pessoas também passou por isso. Apenas acessávamos as páginas de web, incrível, não é? Como a internet mudou nossas vidas.
Em 2006, o Facebook foi criado, transformando completamente a maneira como nos relacionamos na rede. Com ele, serviços como Twitter, Instagram, Tik Tok WhatsApp, Messenger, entre outros, começaram a se expandir.
De acordo com as reflexões de Ivan dos Santos Oliveira Júnior, doutor em física pela Universidade de Oxford (Reino Unido) e pesquisador titular do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, ele disse: Os computadores quânticos, ao que tudo indica, serão capazes de resolver em segundos problemas que levariam até bilhões de anos para o mais potente dos supercomputadores atuais. Mas quão perto estamos dessa fronteira?" Escreve.
A internet aproximou as pessoas, permitiu pesquisas, trocas de ideias, tecnologias sustentáveis com certeza trouxe benefícios extraordinários.
Na verdade, fomos totalmente seduzidos e infelizmente nos tornamos míopes, entorpecidos, domesticados, e automatizados chegando a uma insanidade difusa.
E se a internet parar? Você saberia viver sem internet? Eu não vou responder pela grande maioria, cabe a cada um fazer essa reflexão. É completamente inimaginável. Será que você está preparada (o)? Ninguém está, talvez não saibamos responder, por vezes ocorrem instabilidades aqui, outra acolá, isso implica de certa forma como as pessoas ficam desestabilizadas e aturdidas sem encontrar uma solução viável para os acontecimentos. Imagina que a grande maioria das pessoas passa boa parte do dia conectada à internet.
Presenciei esse momento, quando houve uma queda na internet na minha cidade e observei o comportamento das pessoas em pânico porque dependem da internet como veículo para seu dia a dia. Mas como explorar a criatividade da mente humana num momento como esse? Vamos ter que reaprender a nos comunicar com o sentimento, já que perdemos esse ‘feeling”.
“ Nunca o nosso mundo teve ao seu dispor tanta comunicação. E nunca foi tão dramática a nossa solidão. Nunca houve tanta estrada. E nunca nos visitamos tão pouco”.
Mia Couto
A cantora Anitta, por exemplo, enfrentou o desafio de ficar afastada da internet por cinco dias, compartilhando sua experiência nessa jornada de autoconhecimento. No entanto, ela reconheceu que foi extremamente difícil ficar "fora do ar".
Em seu depoimento, ela afirmou: “"Embarcar no autoconhecimento é um caminho sem volta, doloroso, intenso, profundo, mas milagroso, cura verdadeiramente. Abre as portas pra você tomar consciência do seu EU verdadeiro, te dá a oportunidade de escolher ter o domínio do seu ego".
Com base neste depoimento, será que a humanidade está apta a se conhecer? Pois é, a missão agora é você se habilitar e descrever sua experiência nesses momentos silentes da mente. Que seja um chamado para mergulhar nessa viagem e se desligar por alguns dias, semanas, quem sabe, você decide.
Na verdade, nunca vimos um mundo tão interconectado e tão isolado, e tão sozinhos ao lado dos outros.
Estamos vivendo numa zona morta, em que as emoções e sentimentos tornaram-se de segunda classe, temos que mudar essa configuração. Já pensou quando a internet parar de funcionar por um período indeterminado? Você saberia viver? Devemos estar preparados para esse momento, esse vazio incomodante. O ideal é buscar alternativas criativas para não criar dependência.
Eu poderia sugestionar que, talvez, as pessoas voltassem a ler com mais frequência, a estudar, a escrever, a cantar, ou a dançar. Sem mais delongas, prefiro não adiantar algo que ainda não aconteceu, o momento é o agora.
Na verdade, já estamos dependentes, mas que devemos, paulatinamente, encontrar uma maneira de gerir melhor seu tempo no celular, reduzindo pela metade a exposição. A preocupação nesse momento é a crise da saúde mental sem precedentes; por isso, é necessário dar uma atenção especial.
Qual sensação de não precisar de um celular por perto?
Em um mundo com muita velocidade e pouco processamento. Precisamos nos proteger da modernidade líquida que é o termo usado pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Em uma nova era, em que a indiferença e a efemeridade são a característica dominante, as ligações entre indivíduos e instituições estão fragilizadas, além de serem superficiais e instantâneas. O consumismo prevalece, se faz presente modelando as mentes. Na modernidade líquida, o ser humano perde a humanidade do ser para tornar-se objeto.
Deixo um convite muito especial para os leitores. Sou uma cinéfila de carteirinha, e gosto de partilhar grandes obras cinematográficas, e também nas plataformas streamings e uma delas é o filme “O Mundo Depois de Nós”, um misto de desafio que está disponível na Netflix. Ao assistir percebi que retrata muito bem o que realmente estamos vivenciando e que devemos repensar nossas atitudes. Não vou fazer uma narrativa labiríntica, prefiro que você faça suas próprias conclusões e reflita sobre suas escolhas e elabore sua própria lista de preferencias para que você possa revisitar e quem sabe ajudar de alguma forma a se transformar.
O amanhã o que ele nos promete? Não temos a mínima noção do que será, nem o que vai acontecer, e ao mesmo tempo tudo pode acontecer.
Moni Praddo
Moni Praddo
Sou baiana, jornalista, escritora, colunista, curadora de arte, poeta, jornalista de moda, empresária da moda, ativista literária apoiando e incentivando a escrita como ferramenta transformacional na sociedade. Escrevo com inspirações ligadas a espiritualidade, cosmologia, a natureza e seus componentes, e também com uma forma de inspirar pessoas na busca de melhores relações saudáveis e que seja um arauto na transformação do mundo. Bacharel em Musicoterapia pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL) com especialidade na área geriátrica, neurológica e gestacional, com mais de 27 anos de experiência clinicando como Terapeuta. Foi curadora da exposição de arte “ Aquarelas Abstratas”. Atuo como Colunista da revista metropolitana (Camaçari), e atuo como colaboradora e colunista do jornal do povão (Aracaju), Revista Trama (BH), revista projeto autoestima, apoiadora da revista conexão literária. Participou da antologia poética Lura editorial café, pão e poesia e poetas em construção. Atualmente participa semanalmente do programa de rádio de olho na cidade na rádio Jubileu FM (Aracaju) com abordagens e temáticas diversas sobre bem-estar, humanismo, vida, respeito, valores, comportamento, Consciência, espiritualidade, saúde psicoemocional, autoconhecimento entre outros onde compartilho reflexões para inspirar autoconhecimento.
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