Geral Crônica

O POEMA DAS CONTAS DE VIDRO

Das recordações boas, o céu; do suspiro, o adeus! - A nova produção do poeta e cronista Francisco Gutemberg.

04/07/2025 às 12h22
Por: Redação I Fonte: Francisco Gutemberg
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Foto: Divulgação
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O que isso quer dizer, meu bem?
Isso que trazes entre os dedos, em mãos monásticas, de rainha, caro, belo e pra mim, essas coisas que inspiram sonhos e devaneios reversos, matrixianos, que não sabemos se mais maltratam ou salvam?

Afinal, o que é que trazes pra mim em especial, minha querida menina, daquilo que achas empresta cor ao dia, daquilo que o meu sorriso gostaria? 

O que vem neste teu olhar oblíquo, matinal, tinturado na beleza do castanho escuro, no crepúsculo mouro, pronto a provocar esse indefeso rapaz?

Que mãos suas são essas, tão intendentes e discernidas, na vontade de outras mãos, no encanto, na memória do toque, no deslizar na colcha, no cetim, no corpo, no não e no sim?

Uma estória de amor que se repete, feito tela de Caravaggio, filme de Felini, na viva cor, na aliteração do pincel que traçou teu rosto, no ritmo das imagens, no teu movimento lento e torto, em encantamentos meus, na condução à falésia, no torpor, corpo deitado e no descanso na areia da praia.

O que isso quer dizer, senhora das mil vestes coloridas, das flores nos cabelos crespos e negros nas praças pública de Cartagena, que empresta aos meus olhos o devido engenho, o meu destino, e o brilho das contas de vidro?

Por acaso planejas me levar em alguma noite vadia dessas, que não esperarei, inopinadamente, ao monótono deserto da Namíbia? E por lá me deixar, sem o frio e sem o calor que não sejam os derradeiros?   

Ao redor dos sonhos e das tuas lembranças mais doces, na língua minha teço o poema da noite e do dia, embriagado, preparando o escapulário, a primavera e a brisa aventurosa a assanhar os teus meus cabelos de menina e de mulher.

Pensei ouvir alguém me chamando lá fora, ... Mas foi só a aragem no telhado dizendo, contando de ti, e das coisas que gostavas, de ficar me chamando como quem quer ser apenas abraçada, tocada, beijada, em música e cor, e poesia...
... Coisas de amor e de ti.

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