Uma geração de crianças imersas a tecnologia, elas começam cada vez mais cedo!
A habilidade em manusear parece incrível, no primeiro momento, entretanto e importante falarmos sobre os efeitos desses estímulos virtuais nos cérebros dos pequenos.
Isto levanta uma grande questão sobre o futuro dessas crianças. Toda essa enxurrada digital é relativamente nova. Existem inúmeras pesquisas científicas sobre esses impactos ao longo do tempo. O fato é que essa geração ainda está em desenvolvimento e a resposta dessa exposição só vai aparecer na sociedade daqui há alguns anos.
Esse é o grande alerta!
Na área científica já temos dados suficientes que comprovam o que chamamos de plasticidade cerebral – uma adaptação do cérebro em relação aos estímulos recebidos. Ou seja: crianças expostas frequentemente ao excesso de tecnologia modificam o funcionamento e a estrutura das conexões mentais.
Jean Piaget, psicólogo e filósofo suíço foi uma das primeiras pessoas a estudar como o cérebro da criança se desenvolve. Segundo ele, as crianças precisam explorar fisicamente o mundo em torno delas para conhecer, testar suas hipóteses, comparar e acomodar novas ideias. Através da vivência concreta as crianças constroem uma compreensão do mundo à sua volta e tentam compreender novas ideias com base no que eles já sabem e já descobriram.
Em todas as fases da infância as interações face-a-face são as principais formas de adquirir conhecimento, experiência e aprendizagem. E se isso não está acontecendo, as crianças estão perdendo marcos importantes do seu desenvolvimento.
Bom, mas é só um joguinho no celular… Cuidado!
Quando permitimos o uso da tecnologia em excesso, nós estamos modificando o cérebro infantil, dando a ele uma hiperestimulação desnecessária e nociva. O cérebro das crianças não tem maturidade suficiente para lidar com esses excessos.
Ele fica sobrecarregado tentando absorver incontáveis informações (sons, cores, imagens, movimentos) e passa a trabalhar em ritmo acelerado.
Enquanto isso o corpo da criança está parado, estático, falsamente relaxado. Essa disparidade causa um desequilíbrio das funções neuronais, resultando em processos igualmente instáveis: agressividade, ansiedade, irritação, agitação.
Então, qual é o resultado disso tudo?
Já vimos que o desenvolvimento sensório motor e os sistemas neuronais infantis não tem condições biológicas e emocionais para acomodar esta natureza sedentária e o ritmo frenético da tecnologia de hoje.
O impacto do rápido avanço da tecnologia na criança em desenvolvimento tem apresentado um aumento de distúrbios físicos, psicológicos e de comportamento que os sistemas de saúde e educação estão apenas começando a detectar, entender e relacionar.
Alguns dos pontos que já aparecem nas pesquisas são a associação entre o uso excessivo da tecnologia e diagnósticos de TDAH (Hiperatividade), autismo, transtorno de coordenação, atraso no desenvolvimento, fala ininteligível, dificuldades de aprendizagem, transtorno de processamento sensorial, ansiedade, depressão e distúrbios do sono.
Como posso mudar esse jogo?
Vamos começar por aqui:
Quatro fatores fundamentais são necessários para alcançar o desenvolvimento infantil saudável:
• Movimento
• Toque
• Conexão humana
• Exposição a natureza
Estes tipos de estímulos sensoriais garantem o desenvolvimento de competências necessárias para o crescimento, desenvolvimento, aprendizagem e relações sociais saudáveis.
E o seu filho vai lembrar de você quando ele crescer?
Quais memórias afetivas estamos ajudando nossos filhos a construir?
As famílias de hoje são diferentes. O impacto da tecnologia sobre a família do século 21 está modificando as formas de se relacionar e interagir. Inclusive fazendo-nos esquecer de valores fundamentais que há muito tempo eram o tecido que mantinha as famílias unidas.
Escola, trabalho, casa, amigos, atividades extras, diversão, compromissos… Os pais agora dependem fortemente de comunicação, informação e tecnologia para tornar sua rotina mais rápida e eficiente. As crianças agora contam com a tecnologia para a maior parte do seu tempo, limitando desafios à sua criatividade e imaginação.
E lamento confirmar: Isso tem um preço alto não só na saúde física, psicológica e comportamental do nosso filho, mas também na sua capacidade de aprender e se relacionar.
Objetivando:
• Crianças com menos de dois não devem estar usando telas ou dispositivos eletrônicos.
• Procure brincar ao lado de seus filhos e interagir com eles face a face.
• Certifique-se de que o uso dos eletrônicos não interferem na socialização da família e de amigos.
• Evite levar esses recursos para festas, restaurantes ou ambientes em que a criança terá oportunidade de interagir com outras pessoas.
• Substitua jogos eletrônicos por jogos concretos.
• Incentive as refeições em família e amplie momentos de comunicação e interação entre vocês.
• Limite o uso da tecnologia por 30 a 40 minutos por dia no máximo. Isso inclui smartphones, TV, computadores, jogos eletrônicos.
• Quando resolver usar esses recursos, procure aplicativos de qualidade que promovam a construção de vocabulário, matemática, alfabetização e conceitos científicos.
• Mantenha smartphones fora dos quartos e seja você também o exemplo: Desconecte-se de vez em quando!”
Abraços,
Rosana Medina
Neuroeducadora
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